segunda-feira, 11 de maio de 2009

Os REA aplicados à Patologia e Clínica da Fauna Silvestre Autóctone no Mestrado Integrado em Medicina Veterinária da FMV/UTL


1. Introdução

Durante as últimas cinco décadas, o ensino da Medicina Veterinária na FMV alicerçou-se em planos curriculares constituídos apenas por disciplinas obrigatórias. Em 2005, foi aprovado um novo Plano de Estudos que entrou em vigor no ano lectivo de 2005/06, no qual foram criadas Unidades Curriculares Opcionais (UCO) para o 3º, 4º e 5º anos da licenciatura.
As disciplinas opcionais são oferecidas num módulo semanal compacto (aulas de manhã ou de tarde, durante uma semana e meia, com um total de aulas presenciais que perfaz 30 h) imediatamente após o final do 1º ou antes do início do 2º semestre, abordam conteúdos novos ou que têm enfoques limitados nas disciplinas obrigatórias e cada UCO vale 2,5 ECTS. Uma das UCO referidas, denomina-se "Patologia e Clínica de Fauna Silvestre Autóctone" (PCFSA), e foi disponibilizada para estudantes do 5º ano, pela primeira vez no ano lectivo de 2005/2006, sendo leccionada no 1º e 2º semestre de cada ano lectivo, completando até ao momento 8 semestres de leccionação. Em média tem cerca de 36 alunos por semestre, o que a torna um modelo excelente para várias experiências pedagógicas, atendendo ao pequeno número de alunos.
Os objectivos da disciplina foram os de integrar matérias inerentes à fauna silvestre autóctone nas vertentes de Patologia Comparada, de Medicina da Conservação, Saúde dos Ecossistemas e de Saúde Pública Veterinária.
O programa da disciplina incluiu temas como a epidemiologia das doenças transmissíveis da fauna silvestre autóctone; meios de contenção e de colheita de amostras biológicas em animais silváticos; metodologias de estudo de populações silvestres em cativeiro e em regime de vida livre; estudos de caso das patologias mais frequentes em Mamíferos, Aves, Répteis e Anfíbios em Portugal Continental; e conceitos inovadores, transversais e abrangentes como a Medicina da Conservação e a Saúde dos Ecossistemas.

2. REA escolhido para ser utilizado no Ensino da PCFSA
Desde o início que esta Unidade Curricular é coordenada por mim com a colaboração do Professor Doutor Virgílio Almeida (da área das Doenças Infecciosas), tendo a colaboração preciosa de vários colegas extra-FMV de acordo com a sua especialidade, constituindo um nicho de conhecimentos, de trabalho e de mercado com algum potencial no nosso País.
Atendendo a que é uma área nova de Ensino, quer na nossa Universidade, quer noutras que tenham Mestrados Integrados em Medicina Veterinária, o conhecimento está muito disperso e não abunda, pelo que temos que nos socorrer muitas vezes de exemplos, sites e bibliografia estrangeira.
Assim, na altura da elaboração do seu programa, um dos vários sites que foi utilizado como base para elaboração do programa e que está a ser recomendado no momento aos alunos é precisamente o OCW da Universidade de Tufts (http://ocw.tufts.edu/ ).
Esta decisão deveu-se em grande medida ao facto de a Universidade de Tufts (UT) ser uma das grandes mentoras dos conceitos de Saúde dos Ecossistemas e de Medicina da Conservação (http://www.tufts.edu/vet/ccm/ed_inclass_core.html ), pertencendo ao chamado “Consortium for Conservation Medicine” (CCM) (http://www.conservationmedicine.org/) e colaborando na revista da especialidade “EcoHealth” ( http://www.ecohealth.net ).
Como precisamente esta parte da matéria permite uma integração de vários conhecimentos e é uma parte do conteúdo que nós consideramos como parte fulcral da filosofia que presidiu à elaboração desta UCO, a escolha do OCW da UT sobre medicina Zoológica (http://ocw.tufts.edu/Course/5/Coursehome ) foi perfeitamente fundamental (embora não a considerássemos como um REA no princípio, principalmente porque não estávamos familiarizados com este conceito!).
Este REA está muito bem organizado, com uma estrutura que começa com conceitos gerais até terminar em áreas mais específicas como Medicina Aviaria, de Ungulados, de Carnívoros e até Medicina de Primatas (http://ocw.tufts.edu/Course/5/Lecturenotes ).
Tomando como exemplo a aula sobre Medicina da Conservação e Saúde dos Ecossitemas, os alunos ao pesquisarem no site começam por ver os conceitos gerais, sendo direccionados ao longo da mesma até exemplos mais recentes desta área do conhecimento. O conteúdo é bem suportado em sites e artigos, bem como exemplos da própria investigação nesta área conduzida nesta área.
Além da aula propriamente dita, os alunos têm ainda a possibilidade de encontrarem literatura adicional em cada aula e material adicional, sendo o capítulo de medicina da Conservação bastante profícuo em conteúdos (http://ocw.tufts.edu/Course/5/Supplementarymaterial ).
Simultaneamente com esta escolha, e agora já numa perspectiva futura, proporia aos alunos a formação de grupos (5-6 alunos), para efectuarem a pesquisa de mais casos recentes sobre Medicina da Conservação na Internet, em particular no site do CCM e na revista EcoHealth, de forma a poderem construir um wiki ou elaborarem um blog sobre uma doença ou uma população de animais em risco por estar submetida a determinado agente em simultâneo com alterações ambientais. O facto destas 3 entidades estarem ligadas permite um melhor maneio da situação, embora obviamente também seja estimulada a procura noutras fontes.
Este tipo de pesquisa teria várias vantagens:
a) Ampliaria o leque de doenças/populações abordadas, sendo especialmente importante numa matéria já de si tão diversa;
b) Permitiria um maior grau de pesquisa por parte dos alunos;
c) Teria uma aplicação prática, pois serviria para a elaboração de um trabalho com visibilidade e quiçá publicável numa Revista nacional da nossa área.
d) Permitiria um maior grau de interacção com conteúdos novos, que seriam os alunos a explorar e destes entre si e com o(s) Professor(es).
e) A elaboração deste trabalho seria motivo de avaliação e permitiria compensar a lacuna da avaliação prática, inexistente neste momento devido ao tempo de aulas presenciais ser muito limitado.
Quanto a limitações, destacamos o tempo que pode ser necessário para a pesquisa e elaboração do trabalho e a necessidade de haver um limite predefinido de páginas para estimular a síntese de trabalhos científicos.

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