segunda-feira, 11 de maio de 2009

Os REA aplicados à Patologia e Clínica da Fauna Silvestre Autóctone no Mestrado Integrado em Medicina Veterinária da FMV/UTL


1. Introdução

Durante as últimas cinco décadas, o ensino da Medicina Veterinária na FMV alicerçou-se em planos curriculares constituídos apenas por disciplinas obrigatórias. Em 2005, foi aprovado um novo Plano de Estudos que entrou em vigor no ano lectivo de 2005/06, no qual foram criadas Unidades Curriculares Opcionais (UCO) para o 3º, 4º e 5º anos da licenciatura.
As disciplinas opcionais são oferecidas num módulo semanal compacto (aulas de manhã ou de tarde, durante uma semana e meia, com um total de aulas presenciais que perfaz 30 h) imediatamente após o final do 1º ou antes do início do 2º semestre, abordam conteúdos novos ou que têm enfoques limitados nas disciplinas obrigatórias e cada UCO vale 2,5 ECTS. Uma das UCO referidas, denomina-se "Patologia e Clínica de Fauna Silvestre Autóctone" (PCFSA), e foi disponibilizada para estudantes do 5º ano, pela primeira vez no ano lectivo de 2005/2006, sendo leccionada no 1º e 2º semestre de cada ano lectivo, completando até ao momento 8 semestres de leccionação. Em média tem cerca de 36 alunos por semestre, o que a torna um modelo excelente para várias experiências pedagógicas, atendendo ao pequeno número de alunos.
Os objectivos da disciplina foram os de integrar matérias inerentes à fauna silvestre autóctone nas vertentes de Patologia Comparada, de Medicina da Conservação, Saúde dos Ecossistemas e de Saúde Pública Veterinária.
O programa da disciplina incluiu temas como a epidemiologia das doenças transmissíveis da fauna silvestre autóctone; meios de contenção e de colheita de amostras biológicas em animais silváticos; metodologias de estudo de populações silvestres em cativeiro e em regime de vida livre; estudos de caso das patologias mais frequentes em Mamíferos, Aves, Répteis e Anfíbios em Portugal Continental; e conceitos inovadores, transversais e abrangentes como a Medicina da Conservação e a Saúde dos Ecossistemas.

2. REA escolhido para ser utilizado no Ensino da PCFSA
Desde o início que esta Unidade Curricular é coordenada por mim com a colaboração do Professor Doutor Virgílio Almeida (da área das Doenças Infecciosas), tendo a colaboração preciosa de vários colegas extra-FMV de acordo com a sua especialidade, constituindo um nicho de conhecimentos, de trabalho e de mercado com algum potencial no nosso País.
Atendendo a que é uma área nova de Ensino, quer na nossa Universidade, quer noutras que tenham Mestrados Integrados em Medicina Veterinária, o conhecimento está muito disperso e não abunda, pelo que temos que nos socorrer muitas vezes de exemplos, sites e bibliografia estrangeira.
Assim, na altura da elaboração do seu programa, um dos vários sites que foi utilizado como base para elaboração do programa e que está a ser recomendado no momento aos alunos é precisamente o OCW da Universidade de Tufts (http://ocw.tufts.edu/ ).
Esta decisão deveu-se em grande medida ao facto de a Universidade de Tufts (UT) ser uma das grandes mentoras dos conceitos de Saúde dos Ecossistemas e de Medicina da Conservação (http://www.tufts.edu/vet/ccm/ed_inclass_core.html ), pertencendo ao chamado “Consortium for Conservation Medicine” (CCM) (http://www.conservationmedicine.org/) e colaborando na revista da especialidade “EcoHealth” ( http://www.ecohealth.net ).
Como precisamente esta parte da matéria permite uma integração de vários conhecimentos e é uma parte do conteúdo que nós consideramos como parte fulcral da filosofia que presidiu à elaboração desta UCO, a escolha do OCW da UT sobre medicina Zoológica (http://ocw.tufts.edu/Course/5/Coursehome ) foi perfeitamente fundamental (embora não a considerássemos como um REA no princípio, principalmente porque não estávamos familiarizados com este conceito!).
Este REA está muito bem organizado, com uma estrutura que começa com conceitos gerais até terminar em áreas mais específicas como Medicina Aviaria, de Ungulados, de Carnívoros e até Medicina de Primatas (http://ocw.tufts.edu/Course/5/Lecturenotes ).
Tomando como exemplo a aula sobre Medicina da Conservação e Saúde dos Ecossitemas, os alunos ao pesquisarem no site começam por ver os conceitos gerais, sendo direccionados ao longo da mesma até exemplos mais recentes desta área do conhecimento. O conteúdo é bem suportado em sites e artigos, bem como exemplos da própria investigação nesta área conduzida nesta área.
Além da aula propriamente dita, os alunos têm ainda a possibilidade de encontrarem literatura adicional em cada aula e material adicional, sendo o capítulo de medicina da Conservação bastante profícuo em conteúdos (http://ocw.tufts.edu/Course/5/Supplementarymaterial ).
Simultaneamente com esta escolha, e agora já numa perspectiva futura, proporia aos alunos a formação de grupos (5-6 alunos), para efectuarem a pesquisa de mais casos recentes sobre Medicina da Conservação na Internet, em particular no site do CCM e na revista EcoHealth, de forma a poderem construir um wiki ou elaborarem um blog sobre uma doença ou uma população de animais em risco por estar submetida a determinado agente em simultâneo com alterações ambientais. O facto destas 3 entidades estarem ligadas permite um melhor maneio da situação, embora obviamente também seja estimulada a procura noutras fontes.
Este tipo de pesquisa teria várias vantagens:
a) Ampliaria o leque de doenças/populações abordadas, sendo especialmente importante numa matéria já de si tão diversa;
b) Permitiria um maior grau de pesquisa por parte dos alunos;
c) Teria uma aplicação prática, pois serviria para a elaboração de um trabalho com visibilidade e quiçá publicável numa Revista nacional da nossa área.
d) Permitiria um maior grau de interacção com conteúdos novos, que seriam os alunos a explorar e destes entre si e com o(s) Professor(es).
e) A elaboração deste trabalho seria motivo de avaliação e permitiria compensar a lacuna da avaliação prática, inexistente neste momento devido ao tempo de aulas presenciais ser muito limitado.
Quanto a limitações, destacamos o tempo que pode ser necessário para a pesquisa e elaboração do trabalho e a necessidade de haver um limite predefinido de páginas para estimular a síntese de trabalhos científicos.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Os Recursos Educacionais Abertos - REAs (do inglês Open Educacional Resources - OERs)


1. Introdução
No século XX, Ivan Illich preconizava o seguinte:
“A good educational system should have three purposes:
a) it should provide all who want to learn with access to available resources at anytime in their lives;
b) empower all who want to share what they know to find those who want to learn it from them;
c) furnish all who want to present an issue to the public with the opportunity to make their challenge known. (Illich I.,1970)
Esta abordagem proposta por Ivan Illich sobre a reforma do sistema educativo, era inovadora para a época. Todavia, os REA dão corpo na actualidade a esta proposta, pois constituem uma forma diferente de ver o Ensino/Aprendizagem e a Investigação, tornando-os acessíveis a uma vasta massa de cidadãos. Pelo seu próprio nome significam a abertura a todos, público em geral e aos Professores e Alunos em particular, do conhecimento de alto nível produzido e coligido principalmente em Instituições de referência (embora também o seja por particulares), através de sistemas de livre acesso ou abertos, permitindo a sua partilha, utilização e re-utilização.
Os REA fazem parte de um conceito mais abrangente ao nível do Ensino Superior que também engloba outros movimentos bem conhecidos como o Open Source Software (OSS) e o Open Access (OA).
Os REA ganharam uma atenção crescente desde o princípio do século XXI, em particular depois da experiência piloto e inovadora desenvolvida nesta área pelo Massachussets Institute of Technology (MIT), com o seu Open Course Ware (OCW), apresentado em 2000 pela Comissão responsável por programas de Life Long Learning daquela instituição.
A filosofia que presidiu à formação deste curso foi muito simples: disponibilizar todo o conhecimento produzido numa instituição de excelência como o MIT, para os estudantes, professores e população em geral, em qualquer parte do mundo e de forma gratuita. Obviamente que uma instituição como o MIT ao abrir mão do conhecimento e com este pressuposto corria o risco de poder banalizar o Ensino/Aprendizagem/Investigação e divulgar aspectos que poderiam ser considerados fundamentais para a supremacia desta instituição no conjunto das instituições de Ensino Superior. No entanto, mais do que a divulgação dos Currículos e dos Conteúdos das várias Licenciaturas, o que tornou este movimento interessante foi a capacidade de maior interacção da instituição com os estudantes e vice-versa e dos estudantes entre si, potenciando a produção, discussão e difusão do conhecimento de forma exponencial. Ou seja, o MIT concluiu que o valor económico dos cursos para os estudantes não está nos seus conteúdos, mas sim nas interacções e acreditação entre a Faculdade e os estudantes.
O conceito tornou-se de tal forma importante, que a UNESCO definiu os REA da seguinte forma: “ O fornecimento de recursos educacionais de forma aberta, assegurado por tecnologias de informação e comunicação, para consulta, uso e adaptação por uma comunidade de utilizadores que o fazem com fins não comerciais”.
Os REA baseiam-se em dois princípios básicos:
a) O conhecimento mundial é um bem público em termos globaisb) A World Wide Web proporciona o meio ideal para qualquer pessoa partilhar, utilizar e re-utilizar este conhecimento.

Em conclusão, os dois aspectos mais importantes têm a ver com o facto de estar completamente disponível e sem custos na Internet e com o mínimo de restrições à sua utilização. Ou seja, não deverá ter barreiras técnicas (sem códigos de acesso), sem barreiras financeiras (subscrições, taxas de licenciamento, taxas de pay-per-view), e as menores barreiras possíveis de carácter legal para o utilizador final (direitos de autor e de licenciamento).

Hoje em dia há imensos exemplos de sistemas análogos, entre os quais podemos escolher o Merlot, Connexions e a Public Library of Science, com carácter mais institucional, embora cada vez seja mais comum aparecerem sites de conhecimento partilhado com maior pendor grupal ou associativo, tais como a Wikipédia, SCRIBD ou o SlideShare.

2. Potencialidades

Na perspectiva dos Professores ligados ao MIT OCW, a ideia era disseminar o conhecimento para ajudar o mundo, da mesma forma que os livros o fizeram antes. O objectivo principal dos REA será assim providenciar o acesso centralizado a materiais e tornar possíveis as condições que permitam a criação de novos REA a nível global e interdisciplinar.
Desde o aparecimento do MIT OCW já foram contabilizados para este REA cerca de 35 000 000 de utilizadores, de 220 países, com um total de 1800 cursos diferentes em 2008. Neste momento já estão traduzidos 600 cursos e são utilizados por 14 000 000 de estudantes nesses países. Na verdade, hoje em dia existe um Consórcio de OCW que congrega 100 Universidades em todo o mundo, o que é revelador do efeito bola de neve que esta ideia gerou.Quando fazemos uma pesquisa na Internet com a sigla OER encontramos 4 400 000 sites, a sigla REA mais de 300 000 sites, 12 000 dos quais já em Portugal. No caso particular da área de Medicina Veterinária, esta mesma pesquisa permite encontrar mais de 8 000 sites e no caso particular dos parasitas, os REA já contabilizam cerca de 246 000 entradas.
Estes números espelham bem o desenvolvimento destes sistemas de difusão do conhecimento e os REA ganharam atenção e muitos adeptos como forma de obviar as diferenças educacionais a nível demográfico, económico e geográfico, permitindo assegurar uma vasta quantidade de conteúdos a um público muito alargado, a custos muito baixos, características especialmente importantes em países pobres, subdesenvolvidos ou periféricos. Estes recursos tiveram assim a capacidade de se tornarem uma alternativa equitativa e acessível aos custos crescentes da Educação Superior, assim como à sua progressiva comercialização e privatização.
Para Professores e Alunos, este movimento significou o acesso efectivo a repositórios de conhecimento que doutra forma estariam inacessíveis, mas por outro lado permitiu também a criação de mais conhecimento ou o melhoramento daquele já pré-existente, a uma escala exponencial. A emergência dos REA começou a abrir caminhos novos para Professores e Estudantes, ao seleccionarem e aumentarem recursos de aprendizagem que vão ao encontro das suas necessidades específicas de Ensino e Aprendizagem. Como estes recursos educativos estão cada vez mais disseminados, com custos baixos ou sem custos, o seu impacto é potencialmente elevado nos próximos anos para formandos, educadores e as próprias instituições de ensino.

3. Oportunidades

As instituições têm aqui a possibilidade de disponibilizar qualquer conteúdo para ser usado ou visualizado por outrem. Como os materiais estão disponíveis online, os educadores podem estabelecer links e incorporar simulações, vídeos, aulas teóricas e qualquer tipo de material utilizado em actividades de aprendizagem. Dependendo das licenças de cada REA, os professores e os estudantes podem incorporar, rever, melhorar e ampliar recursos.

As Instituições com grandes iniciativas na área dos REAs (tais como o MIT, Open University, Open Yale, Connexions), gerem muita publicidade à sua volta devido a estes cursos/recursos, mas o que é um facto é que potenciam também a colaboração no desenvolvimento de conteúdos ao nível de sites específicos não institucionais, como é o caso do Wiki Educator.

Em termos de oportunidades globais dos REA, podemos considerar as seguintes:
- Elaboração/desenvolvimento de recursos de aprendizagem: Cursos/Unidades curriculares completas, conteúdos em módulos, objectos para aprendizagem, ferramentas de apoio e acesso para estudantes, comunidades de aprendizagem online.
- Elaboração/desenvolvimento de Recursos para apoio aos Professores: ferramentas e matérias de apoio para Professores que lhes permitam criar, adaptar e usar os REA, bem como materiais de treino e outras ferramentas de Ensino.
- Produção de recursos que assegurem a qualidade da educação e das práticas educativas.

Em termos específicos podemos ver que os REA têm numerosas oportunidades para o Ensino e Aprendizagem:
- Inserção de vídeos, aulas teóricas/teórico-práticas e outros materiais em cursos pré-existentes
- Desenho de actividades de aprendizagem em torno de recursos pré-existentes em sites públicos como o Wiki Educator
- Produzir recursos informáticos completamente gratuitos online (por exemplo, um livro de referência sobre determinada matéria escrito por estudantes ou por estudantes em colaboração com Professores).

Em súmula, os REA transformarão potencialmente as instituições de aprendizagem, a prática do ensino e os processos de aprendizagem e criação de conhecimento. Os REAs vão facilitar a transformação educacional de duas maneiras. Por um lado, serão integrados em práticas educacionais pré-existentes, onde a adopção de novas tecnologias irá levar gradualmente a novas formas de prática de Ensino/Aprendizagem, que poderão ser avaliadas quantitativamente através da análise da sua eficiência. Por outro, os REA também permitirão agilizar qualitativamente novas práticas educativas e novas abordagens na organização da educação e aprendizagem.

4. Riscos

Na sua brilhante conferência de 2008, o Professor Terry Anderson da Universidade de Athabaska e Universidade Aberta do Canadá, referia:
“Os REA ao serem abertos por definição, podem ser aumentados, padronizados, agregados e fundidos, reformatados, reutilizados e devolvidos à origem. No entanto necessitam de ser licenciados, pois não basta colocá-los online”. Como referido por Jan Hylén no Relatório da OCDE de 2007: “without cost, it does not follow that it also means without conditions”.
Por outro lado, outro aspecto que se relaciona com o anterior é o dos Direitos de Autor e de Propriedade Intelectual relativamente aos diversos materiais que são disponibilizados nos REAs e que depois poderão ser trabalhados por outrem, sem se saber bem por vezes onde é que começa e acaba o direito de propriedade (ou se ele existe) de cada um em relação aos diferentes conteúdos. Na verdade, isto passará por uma abertura de espírito que ainda hoje não é vulgar encontrar em muitas sociedades, incluindo a Portuguesa.
Outro fenómeno que pode emergir aqui, como noutros movimentos com base computacional, é o de mais uma vez os países e instituições anglo-saxónicas predominarem em relação às outras áreas culturais do Globo. Isto acontece não só porque a maioria dos conteúdos abertos têm origem nos EUA, Canadá, GB, Austrália, etc., mas obviamente também os seus consumidores/utentes também, pois estima-se que 36% de utentes do OCW do MIT sejam norte-americanos. Apesar de tudo, o custo do acesso a estas novas tecnologias e á Internet diminuiu e a conexão entre as pessoas aumentou, pelo que este risco num futuro próximo poderá ser mais equilibrado a favor de outras culturas, nomeadamente as de raiz latina.
Finalmente, outro fenómeno que pelos vistos já está a ocorrer, é que muitos profissionais ligados ao ensino que têm acesso e usam REAs, deixam de ter comportamentos cooperativos e de partilha dos seus próprios conteúdos com outros colegas, para além de deixarem de fazer a sua reutilização e de os criarem em colaboração com outros.

5. Desafios mais significativos

A possibilidade de ver e partilhar conhecimento, de ver o que os outros estão a utilizar e partilhar o que estão a aprender é uma visão muito avançada, e porque não dizê-lo, arrojada, do que se pretende do Ensino/Aprendizagem no futuro, que é já hoje. Estes sistemas também permitem antever o que poderá ser o futuro em termos financeiros da Educação com componentes a Distância, tanto mais que os REA permitem introduzir qualidade e excelência na educação, mas reduzindo os seus custos.
Segundo Terry Anderson: “um bom sistema de educação favorece todos aqueles que pretendem partilhar o que sabem, na procura daqueles que querem aprender”!
Um aspecto chave que alguns produtores e/ou mentores de REA defendem é que os resultados e o sucesso destes recursos dependem muito dos dois factores básicos de qualquer processo de Ensino/Aprendizagem: o Professor e o Aluno.
Em relação ao primeiro dependerá muito da sua atitude para com a filosofia dos REA, assumindo uma atitude aberta e cooperativa para com os alunos e colegas, bem como do seu empenho em manter conteúdos regularmente disponíveis neste tipo de recurso.
Relativamente aos alunos, constituem um aspecto decisivo nos REA, pois devem ser envolvidos ao máximo em trabalhos com estes recursos, para poderem tirar o máximo de proveito para a sua valorização e até de emoção e satisfação pessoal/grupal de poderem participar na construção de um conhecimento, como por exemplo na construção de uma página da wikipédia sobre um determinado tema. Isto advém do facto de o mais importante não serem os conteúdos em si, mas a possibilidade de os estudantes poderem interagir melhor com a instituição através dos conteúdos, da discussão com os colegas e com os Professores, o que torna a criação de conhecimento muito vivida, experimentada e exponencial.

Por outro lado, quando falamos de REA como wikis ou até blogues, o número de erros que aparecem nestes comparativamente aos métodos clássicos de divulgação de conhecimento é idêntico, a diferença é que nos recursos tecnológicos podem ser corrigidos mais rapidamente enquanto nos clássicos essa correcção demora, regra geral, anos!
Além disso, a utilização desses recursos pressiona mais quem os produz, assim como quem os critica, tornando-se os primeiros os líderes de opinião e os segundos os adicionadores ou críticos exclusivos, funcionando reactivamente. Ou seja, nestes meios de publicação e difusão de conhecimento sente-se a discussão e o debate, sendo por excelência um sistema mais criativo (porque todos nós criamos coisas de forma diferente) e democrático (com mais intervenção e com maior grau de liberdade) de construção de conhecimento, do que o sistema clássico mais associado a livros e revistas em papel, passando cada vez mais a iniciativa a pertencer a indivíduos, do que às próprias instituições (embora estas continuem a constituir o núcleo duro dos REA e OCW mais formais e reconhecidos internacionalmente).
Em suma, estes meios estão mesmo a transformar o Ensino/Aprendizagem (e o curso FIEL01 tem permitido abrir estes horizontes!), precisamente por serem mais abertos, logo mais participados, independentemente da localização geográfica, das habilitações literárias e do estrato económico a que o seu utilizador pertença, o que poderá reduzir o fosso entre as zonas mais ricas e as mais desfavorecidas no que respeita ao acesso ao conhecimento. Em simultâneo, criam mais inovação, novos espaços de discussão e novas oportunidades.
Um dos últimos conceitos em relação a estes meios de educação é que partiram de uma situação com origem num produtor para um consumidor e hoje em dia este transformou-se num “produtilizador” (“from production to produsage”).
Estes recursos permitirão uma visibilidade de conteúdos que pode tornar exponencial o número de pessoas que a eles têm acesso, podendo numa primeira fase existir apenas num ambiente online, mas a posteriori poderão até dar origem a material impresso e coexistir perfeitamente. Isto é tanto mais verdade que muitas vezes a pressão para publicar acontece principalmente devido ao elevado número de downloads gratuitos que tornam mais visível determinadas matérias, como acontece hoje em dia com blogs ou wikis, sendo cada vez mais frequente o aparecimento de sites que incentivam os técnicos a publicar por si próprios os seus materiais online, como por exemplo o http://www.lulu.com/publish/?cid=en_tab_publish .
Na área da literatura médica há um site com um livro em formato PDF Bernd Sebastian Kamps (2005) Free Medical Information. Doctor = Publisher. Flying Publisher, 95 pp.
(http://www.freemedicalinformation.com/freemedicalinformation.pdf).
Este livro explica este tipo de metodologia e paralelamente a esta iniciativa, apareceram outros sites como os Free Medical Journals, http://www.amedeochallenge.org/ac/fp.htm e o free Books for Doctors, www.freebooks4doctors.com .
Um desafio que perpassa por tudo o que foi referido até ao momento tem a ver com a manutenção do interesse das instituições que já os possuem e incentivo para a sua criação por aquelas que não os possuem. Todavia, isto só será possível com apoios do Estado (nas Universidades Públicas) e de privados (mecenas a título individual ou institucional), não só para suportar os custos, mas para fazer face à partilha de conhecimento e know-how com concorrentes directos no mercado do Ensino Superior (nomeadamente as Universidades Privadas).
Em conclusão, este novo modo de Ensino/Aprendizagem pode mudar radicalmente o modo como o conhecimento é utilizado, permitindo em última análise o seu maior aprofundamento, partilha e difusão.

Diigo, Blog, Wiki, OER

Caros Amigos do FIEL 01
De novo na blogolândia e desta vez com mais informação sobre as novas ferramentas de transmissão, aprendizagem e discussão do conhecimento, como as que estão referidas no título deste post e que são sinóninos de uma maior difusão e partilha do que se sabe e é actual.
Talvez sintomático disto seja o facto de hoje em dia quando damos uma aula ou fazemos uma conferência, a pressão para transferirmos/darmos os nossos ficheiros seja maior do que há uns anos atrás, sendo esta atitude principalmente notória nas camadas mais jovens.
E sem dúvida que a Internet e os processos derivados aceleram este comportamento, porque há necessidade de possuirmos o que se sabe e já. Se o conhecimento estiver disponível numa plataforma aberta e que os nossos interlocutores possam aceder facilmente (e se calhar até proceder à sua actualização), tanto melhor.
As ferramentas com que contactámos até ao momento permitem tudo isto, mas as Open Education Resources (OER) ou Recursos Educacionais Abertos (REA) podem fazer a diferença no sistema de Ensino Universitário, ao conjugar todos os outros de cariz mais individual ou grupal, para outros de cariz institucional com conteúdos disciplinares próprios disponíveis para qualquer pessoa em qualquer ponto do mundo. Vamos ver alguns destes aspectos na mensagem seguinte.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

De volta à Blogolândia!

Caros amigos do FIEL01
Cerca de uma semana e uns vírus depois, aqui volto eu a comunicar convosco.
Pois é, embora sendo parasitas senso lato, estes seres são pequeninos, mas maus que se farta!!! Que o diga o meu corpo em convalescença depois de ter sido literalmente "atropelado por um camião" de vírus da influenza (tanto quanto me aperceba não era a famigerada H5N1, pois doutra forma a história teria sido outra!).
Por vezes, estas situações acontecem com maior frequência quando nós estamos mais atarefados, mais estressados e com menos tempo. E isto mais uma vez se confirmou, o que me levou a acalmar e a conformar, pois o tempo é o que podemos fazer dele. Aliás, este tema, de certeza estará na mente de todos nós que estamos a seguir o curso FIEL01, em particular a sua discussão, pois a primeira semana e meia foi uma verdadeira prova de fogo.
Na realidade, depois de passarmos a fase de ambientação, foi realmente possível perceber que cada um de nós tem as suas velocidades/tempos de adaptação a estas novas tecnologias de informação e comunicação. Mas sem dúvida que abrem perspectivas exponenciais para o ensino de qualquer matéria, embora também potenciem uma hiperaceleração do mesmo. E é aqui que o bom senso de cada um e o e-learning numa perspectiva blended learning permitirá talvez uma velocidade de ensino/aprendizagem adaptada a cada Professor, cada Aluno e cada Conteúdo, sob pena de andarmos numa correria desenfreada todos os dias e não obtermos os resultados esperados.
Obviamente, nesta fase em que tudo é novo, interessante e dispersante, é difícil focalizar as atenções num determinado aspecto em particular. Mas de certeza que quando nos concentrarmos nas áreas em que somos competentes o nível de entropia baixará e haverá um maior afunilamento na transmissão/recepção de matérias.
Para terminar, queria informar-vos que ainda estou a seleccionar o parasita para o próximo post, mas não vão ficar desiludidos! Hasta siempre.
Luís Carvalho

terça-feira, 31 de março de 2009

Olá Comunidade do FIEL01

Caros colegas de E-Learning
Na verdade nunca pensei que os blogues fossem tão interessantes e de certa forma tão viciantes para quem os detém. Pode ser uma ferramenta muito interessante, embora confesse que também bastante assustadora quanto à necessidade de colocação de material actualizado (e respectivo trabalho associado) e à perspectiva de qualquer um poder ver e criticar o que nós escrevemos.
É um verdadeiro work and (e-) learning in progress.
Espero que tenham gostado das lombrigas do cão, porque há mais em lista de espera...e não só para o cão! Afinal, os parasitas quando nascem são para todos!

Até já
Luís Carvalho

domingo, 29 de março de 2009

As lombrigas do cão!

Tal como prometido, aqui vai uma foto interessante com algumas lombrigas colhidas num cão.
Estes seres são nemátodes intestinais que podem ter 10 ou mais cm de comprimento e designam-se como Toxocara canis. Além de serem bastante patogénicos para os canídeos, em particular os cachorros, também podem infectar os Humanos. Isto deve-se ao facto de os seus ovos serem veiculados para o ambiente com as fezes e assim contaminarem os espaços públicos.

Por isso é tão importante desparasitarmos regularmente os nossos animais e mantermos boas regras de higiene e sanidade.

Até logo

Luís Carvalho

Olá Colegas do FIEL 01











Estou pela primeira vez na blogosfera e sinto-me como um miúdo com um brinquedo novo. Na verdade andava com curiosidade sobre o mundo dos blogs e este meio pode ser espectacular para o ensino/aprendizagem. E não só. Mas servirá também para disciplinar a nossa escrita: quanto ao que escrevemos e como o fazemos.

Por outro lado, como nunca tinha tentado antes, foi (e continuará a ser) bom saborear algumas dificuldades pelo caminho, para melhor compreender as dificuldades dos colegas de curso, dos alunos e outros futuros destinatários deste blog.

Deixo-vos com uma fotografia minha recente numa visita de estudo com os meus alunos ao Jardim Zoológico em Lisboa. Espero que tal como a águia que está na minha mão, eu também consiga dar asas à imaginação para o blog!

Fica a promessa de em simultâneo com o nosso intercâmbio de ideias, publicar algumas notas sobre parasitas dos animais, até porque já vi alguns amigos de quatro patas nesta nossa comunidade!

Um abraço e até já.

Luís Carvalho